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quinta-feira, fevereiro 22

Sob pressão, Lula não fala o que pensa e se diverte

Pode ser que agora tudo venha a ser diferente, mas em geral quando Lula está sob pressão para tomar decisões ele, primeiro as adia. Depois fica emitindo sinais contraditórios para avaliá-los. E como escreveu Ricardo Kotscho em Do Golpe ao Planalto, Minha Vida de Repórter, muitas vezes se diverte com a repercussão daquilo que diz ou teria dito.

As notícias mais instigantes do ponto de vista especulativo dos jornais de ontem foram as que devem ter sido passadas por algum assessor do presidente ou interessado direto em algum dos cargos.

A primeira “notícia” dá conta de que a coordenação política poderia ser acumulada pelo ministro do Turismo Walfrido Mares Guia.

A segunda, que por “coincidência” foi um “furo” do Correio Brasiliense diz que Lula pode vir a turbinar a secretaria da Juventude com todos os programas dispersos e passá-la para o PCdoB. E que o atual ministro dos Esportes Orlando Silva viria a ocupá-la. O que abriria as portas dos Esportes para o retorno de Agnelo Queiroz, que perdeu a disputa para senador por Brasília.

Em relação à primeira informação, vou morrer junto com minha fonte que me garante que tudo indica que a coordenação política deve ficar com o ex-senador e new petista Carlos Wilson, agora deputado federal por Pernambuco. Lula confia nele. E gosta muito de seu jeito discreto ao atuar.

Em relação à segunda, até a 10 dias o PCdoB já havia batido o martelo que não aceitaria a imposição do nome de Agnelo onde quer que seja. Se porventura Lula viesse a nomeá-lo para algum cargo, o faria em nome de sua cota pessoal. Agnelo é bom de voto, mas criou muitas arestas no partido durante sua gestão como ministro.

É claro que se Lula de fato vier a dar uma secretaria da Juventude turbinada para o PCdoB isso pode vir até a mudar a direção do vento, mas não é tão simples assim criar esse novo “aparelho”.

Por exemplo, será que o amigo e ministro do Trabalho de Lula, Luis Marinho toparia abrir mão dos Consórcios da Juventude?

A reunião com o PSB
Hoje os sites de política não cansaram de repercutir a reunião que Lula teve com os dirigentes do PSB onde, entre outras coisas, teria dito: a) a reforma ministerial fica para depois da convenção do PMDB; b) não está encontrando espaço para abrigar Marta no Ministério; c) gosta muito do ministro Fernando Haddad e pretende preservá-lo no cargo, teria inclusive falado em Haddad duas vezes durante a reunião.

Lula pode ter de fato dito tudo isso, mas pode ter feito isso para dizer que:

a) não quer pressão, que vai fazer a reforma sem pressa e que por isso não cogita terminá-la antes da convenção do PMDB.
É de duvidar que essa reforma termine antes do dia 15 de março, até porque Dilma Roussef só volta de suas curtas férias no dia 5 de março.

b) Quanto a ter dito que está preocupado com o fato de não estar encontrando espaço para Marta no ministério e que gosta muito de Haddad, isso pode significar que não pensa em entregar as pastas da Ciência e Tecnologia e da Integração Nacional para o PSB e que só pode oferecer uma. E que se o PSB quiser ficar com a maior (Integração) sem problemas. Nesse caso, uma das alternativas seria abrigar Haddad nela. Ou ainda oferecê-la ao PDT. Já que gostaria muito de deixar Nelson Machado, que muitos acham que já perdeu o cargo, a frente da Previdência. Posso vir a errar, mas todos com os quais converso e são bem informados duvidam que Machado saia para dar lugar a alguém do PDT.

c) Lula não gosta de superministros e por isso quer baixar a bola de Marta. Está fazendo um pouco de doce, mas deve encaminhá-la para a Educação. Mas pode colocar a seguinte condição. Se a ex-prefeita for, pode vir a criar um ministério da Educação Superior, Ciência e Tecnologia. Deixando Marta com uma pasta menos gigante.

Pode ser que não seja nada disso, leitor, mas anote aí, se Lula está sem espaço para Marta e gosta de Haddad por que ele discutiria isso com Marcio França, Eduardo Campos etc. Não tem sentido.

1 Comments:

At 2/26/2007 3:45 PM, Anonymous Anônimo said...

Torço fervorosamente para que o ágil presidente consiga concluir a tal reforma ministerial até o fim de seu mandato. Não é tão dificil que consiga... afinal, até lá ainda tem 3 anos, 10 meses e dois dias para se decidir.

 

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