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quarta-feira, fevereiro 28

Um aperitivo de um ótimo livro

O professor Moacir Gadotti, como disse na nota anterior, lança o livro Educar para um Outro Mundo Possível amanhã à noite no Sesc Pinheiros. Fizemos 3 perguntas para ele a respeito do conteúdo da obra. Elas foram respondidas por email pelo professor. É um aperitivo da inteligente abordagem realizada sobre o processo do FSM neste seu mais recente trabalho.

Em seu livro o senhor fala da formação de uma nova cultura política. Quenova cultura política é essa? Como o FSM pode contribuir para a suaformação?
A cultura é tudo o que somos e fazemos. Ela marca não só as pessoas,mas também as instituições. Nesse sentido, ela impregna a existência humana. Mudar a cultura significa mudar a forma de produzir ereproduzir nossa existência no planeta. A cultura política como parte da cultura está ligada a forma pela qual pensamos a vida em sociedade. Os velhos paradigmas baseiam se numa cultura de pensamento único, isto é, buscam uma teoria geral explicativa de tudo, desconsiderando a pluralidade do ser humano. Diante da pluralidade, muitos mundos são possíveis, e não apenas um único. O FSM vem construindo uma nova cultura política com base numa visão de civilização planetária una e diversa, onde prevalece a escuta sobre a disputa, onde prevalece a politização sobre a polemização. Como diversos, antes de buscar o que nos divide, oFSM busca construir consensos naquilo que nos une.

O senhor diz no seu livro que o Fórum tem um duplo papel pedagógico. De um lado, como espaço de aprendizagem, de outro, como um espaço de discussão das práticas, teorias e políticas de educação ao redor do mundo. O senhor poderia dar exemplos?
No FSM, dois momentos intimamente ligados podem ser observados: eventos e processos. Os eventos do Fórum são mais visibilizados pela mídia do que os processos. Os eventos têm sentido na medida em que fortalecem o processo do Fórum. O FSM como novo ator político facilita as ONGs, redes e movimentos a construção de alianças, plataformas eparcerias para ações coletivas globais em busca de um outro mundopossível. Por exemplo, em janeiro de 2008, será realizada uma jornada de mobilização global pela cidadania planetária. Esse é um processo político pedagógico importante para a construção de uma consciência planetária em busca de soluções comuns para os problemas enfrentadoshoje pela humanidade, entre eles o do aquecimento global

Que conseqüências as políticas neoliberais tiveram no campo daeducação? De que modo o FSM tem fortalecido as ações de resistência aesse modelo?
O problema mais grave causado pelas políticas neoliberais é a visão mercantilista da educação. Ensinamos nossas crianças e jovens a se relacionarem mais com objetos do que com relações e vínculos. Formamos mais consumidores do que cidadãos. E não se trata apenas do problema da privatização da educação, pois a contradição maior produzida pelas políticas neoliberais não está na relação entre o estatal e o privado,mas na relação entre o público e o mercantil; o mercantil entendido comouma concepção da vida que pode também empregar o estatal. O Fórum Mundial de Educação realizado em Nairobi aprovou uma plataforma de cinco pontos. Entre eles a luta pela desmercantilização da educação. O Fórum Mundial de Educação tem ocupado um espaço importante no Fórum Social Mundial articulando a educação com a luta ecológica, a via urbana, a via campesina, os Direitos Humanos, Movimento Indígena, o Movimento de Mulheres e outros buscando superar a visão setorialista daspolíticas neoliberais na educação.

1 Comments:

At 2/28/2007 9:06 PM, Anonymous Anônimo said...

Se o conteúdo tiver a mesma densidade dessa entrevista vou ter que adotá-lo no meu curso. Parabéns professor Gadotti por mais uma contribuição ao debate

 

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