Dois lados de dois candidatos
De Nairóbi, Quênia [13/01/2007]
Acompanho à distância (e que distância) a disputa entre Arlindo Chinaglia (PT) e Aldo Rebelo (PCdoB) pela presidência da Câmara. Não consigo saber que interesses hoje estão por trás de cada candidatura, mas que os há, os há... De qualquer forma, existem aspectos subjetivos na disputa que devem ser considerados.
Primeiro, como ressalva, considero que tanto Chinaglia quando Aldo têm direito a pleitear o cargo. Um, porque o exerce e fez um bom mandato num momento conturbado. Outro, porque faz parte do segundo maior partido da Câmara que realizou um acordo com o primeiro (PMDB). E não foi à toa: sem o apoio do PT o PMDB correria riscos na disputa pela presidência do Senado.
O que me parece subjetivo na disputa são as características pessoais dos pleiteantes. O que faz grande diferença num colégio eleitoral com as particularidades da Câmara. Chinaglia é o boa praça. O deputado que conversa com todos, sempre disposto, nunca parece estar de mau-humor. Aquele que você imagina que, se precisar para alguma coisa, pode contar.
Aldo é o típico quadro político da esquerda clássica. Sério, de poucas palavras, parece um bloco de gelo, mesmo nas situações mais adversas. Não trata seus adversários como inimigos, mas também não é o amigão dos aliados. É um tipo mais introspectivo.
Na disputa em que deu Severino Cavalcanti, antes de Luis Eduardo Greenhalg ser definido como candidato do governo, na disputa interna do PT, se contabilizados apenas os votos dados à primeira opção de cada deputado, quem havia levado era Chinaglia. Ou seja, ali seu nome já era o preferido da bancada. E isso mesmo ele pertencendo a uma corrente minoritária do partido, o PT em Movimento.
Na Câmara Federal, os deputados querem ser amigos do presidente da Casa, entre outras coisas para terem um interlocutor para suas demandas e para não ter de ficar tomando chá de cadeira na ante-sala da presidência. A vitória do petista na consulta realizada pelo PMDB e pelo, pasmem, PSDB, tem esse componente.
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