Arlindo venceu e Marta ganhou
Logo depois da eleição de Lula conversei com alguns petistas luas-pretas e passei a ter certeza de que o partido iria entrar na disputa pela presidência da Câmara. Havia um grande descontentamento com a história de que o PT precisava ceder espaço para outras legendas porque já tinha a presidência da República. E alguns deputados entendiam que um dos que estimulavam essa marola era exatamente o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB), que já construía uma eixo de poder com PSB e que buscava ainda atrair o PDT, como acabou acontecendo.
Verdade ou não, a partir desta tese o partido se uniu. E começou a construir pontes com o PMDB para se viabilizar na disputa.
Falou-se muito que o articulador dessa ação foi o ex-deputado José Dirceu. Mas a força da candidatura Chinaglia veio da adesão total do grupo de Marta Suplicy. Atuando de forma discreta e tendo deputados do seu grupo, como Cândido Vacarezza e Jilmar Tatto, como protagonistas da vitória de Arlindo, a ex-prefeita é a grande vitoriosa por detrás da conquista petista na Câmara.
Marta é nome certo no próximo ministério de Lula. E agora isso não depende apenas da boa-vontade do presidente. Ela ganhou a parada. A relação entre Lula e Marta sempre foi de respeito, mas um sabe exatamente que sem força tem pouco do outro.
Sintomático desse processo é que depois da vitória de Arlindo, seus aliados passaram a olhar mais para o ministério da Educação do que para o das Cidades. A maior rede do país está ali. Se Marta conseguir fazer a escola o bolsa-família do segundo mandato de Lula, passa a ser forte candidata a sua sucessão. E por mais que a maior parte do seu grupo deseje tê-la candidata à prefeitura de São Paulo, talvez Marta prefira apostar mais longe. E ir para a Educação talvez signifique fazer planos para 2010 e não para 2008.
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