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sexta-feira, janeiro 26

A questão da água


De tantos temas discutidos neste último FSM um em particular chamou a atenção. Primeiro por ter sido aquele que mais reuniu militantes em torno dos seus debates, mas também porque talvez tenha proporcionado maior interação entre os africanos e os visitantes de outros cantos.

O leitor pode achar exagero, mas o que assina arrisca dizer que o debate sobre a água vai ser o grande tema do fim desta década e vai entrar como a principal luta dos movimentos altermundistas na próxima década. As organizações sociais devem se preparar para ele porque a cada Fórum que passa ganha maior importância e força política.

A sul-africana Virginia Magwaza esteve no FSM para debater essa questão. Ela é da Coalition Against Water Privatization – African Water Network (Coalizaçaão contra a Privatização da Água – Rede Africana da Água). A rede africana da água já envolve quase metade do continente, são 20 países que assinaram sua constituição neste FSM.

A rede definiu cinco pontos como centrais para os próximos anos: a luta contra a privatização da água; assegurar o controle participativo e público da gestão dos recursos hídricos; oposição a todas as formas de sistema pré-pago; assegurar que o direito à água seja inserido nas Constituições de todos os Estados; e, assegurar que o provisionamento de água esteja sob domínio público.

Virginia é moradora do Soweto. Para que o leitor possa entender o que para ela significa lutar pela democratização e justiça social na distribuição de água, ela explica: “hoje, na África do Sul, a água é distribuída pelo sistema pré-pago”. Ou seja, ao invés de pagar a conta no final do mês, o morador precisa comprar uma cota para seu uso. Quando os créditos terminam, o fornecimento é interrompido. Esse sistema foi implantado pela empresa francesa Suez e já começa a se reproduzir em outros países. A mesma empresa também ganhou na justiça o direito de exigir do governo sul-africano o fechamento de todas as fontes públicas de água alegando concorrência desleal.

E os debates em relação a essas questões já geraram ao menos um fruto objetivo (aos que costumam dizer que o Fórum é apenas um evento sem conseqüência, mais um exemplo). Ao mesmo tempo em que se dará o Fórum Mundial da Água (evento das transnacionais do setor que acontecerá em Istambul, Turquia, em junho deste ano) as organizações que discutiram o tema neste FSM vão organizar um Fórum Altermundista convocado pelos movimentos sociais e que pretende colocar em xeque os projetos econômicos e discricionários do setor. Denunciando-os e propondo alternativas.

(Esse post faz parte de uma das matérias sobre o FSM 2007 da edição impressa de fevereiro da revista Fórum)

1 Comments:

At 1/27/2007 9:33 AM, Blogger Sr. Vizzatti said...

O óbvio foi dito com relação a questão da água. E?
Retundante se discutir sobre a água.
Haverá a falta?
Sim.
Poucos terão o controle sobre ela?
Isto é fato.
Abram os olhos, o mundo será dividido entre hidratados e desidratados.
Prá que petróleo?
Se não haverá água nem prá tirar a poeira do parabrisa do seu carro, ou pior, pensam em carros movido à água, grande coisa, ou bebemos água ou enchemos o tanque.
O gelo do copo de Wiskie será artigo de luxo, mais caro até que o próprio Wiskie, se bem que eu prefiro meu Wiskie ao estilo Cowboy, A La "The Duke" Wayne.
A lógica da "A questão da água" é o que desafia a minha inteligência, não precisa ser um grande jornalista para perceber que este tema será repetido inúmeras vezes em interminaveis FMS.

 

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