A boa visão de Gadotti sobre o Fórum

Anunciei no começo do dia que o professor Gadotti estaria no programa Milênio de hoje à noite. Faz minutos que sua entrevista acabou. Durante a semana vai ser reprisada. Gadotti, como esperava, deu uma aula sobre o que ele chama de processo do FSM. Destaco aqui algumas de suas falas, que tocam em alguns pontos bastante interessantes do debate que se dá a respeito do FSM.

“Ninguém representa o Fórum, ninguém fala em nome do Fórum. O Fórum não é uma representação política. É um espaço para atuação política. Eu vou falar do que acho. E talvez algumas pessoas achem o mesmo, certamente outras não. A meu ver quem vai mudar o mundo não é o Fórum, são ações cidadãs planetárias. A defesa dessas causas globais é que vai mudar o mundo. Tem gente que acha que o formato de o Fórum ser um espaço para essas ações globais se organizarem e se articularem se esgotou. E que devemos ter uma agenda política bem definida. Acho que podemos harmonizar essas duas coisas. Não devemos ter uma plataforma política, mas podemos ter uma agenda. Discordo que devemos hierarquizar as lutas, mas podemos ter uma agenda para elas. Isso sem deixar de levar em conta que o FSM precisa ser esse espaço da diversidade das lutas.”

“Acho que precisamos reinventar o poder, não precisamos conquistar o poder, assaltar o poder. Acho que é isso que o Paulo Freire diria hoje se fosse vivo. Como educador, eu diria o seguinte, nós que estamos no Fórum precisamos desde já realizar esse mundo possível. Se tenho software proprietário na minha máquina, devo mudar pra software livre. Se posso atuar em economia solidária, devo fazê-lo. Temos que dar poder a essas iniciativas que já estão nesta linha do outro mundo possível. E não deixar para mudar tudo quando conquistarmos o poder total.”

“Se a sociedade civil tem força? Para mim um exemplo é a Alca. Até 2001 ela era dada como certa e hoje nem está na pauta do debate dos defensores da globalização econômica. Quem foi o grande adversário da Alca? Foi o movimento social, a sociedade civil organizada. E ganhou.”

As frases, como foram digitadas no calor da entrevista, podem ter uma ou outra imprecisão, mas seu sentido, o leitor pode conferir nas reprises, está preservado.