Welcome ao Quênia
Foto: Juliana Di Thomazo
Antes de desembarcar no Quênia, como sabe o leitor, passamos por Joanesburgo e Cidade do Cabo (África do Sul) e Maputo (Moçambique). Na África do Sul, o visto para a entrada é desnecessário. O de Moçambique é tranqüilo de ser tirado do Brasil. Para o Quênia, fica mais fácil fazê-lo direto no aeroporto de Nairobi, onde custa 50 dólares por pessoa. Muito mais barato do que se tentássemos garanti-lo por aí, ainda mais de última hora.
Sempre fica o receio de que, por algum motivo, o visto seja negado. Mas a agente de viagens disse desconhecer esse tipo de ocorrência no Quênia. A boa surpresa foi quando me apresentei ao representante do governo e lhe disse que vinha para participar do Fórum Social Mundial. Perguntou-me sobre o que viria fazer.
Quando lhe informei que era jornalista, Aswani D. Robert pegou uma caneta e anotou “Imigration and Identity Crisis in Political Formation in África – The Case of Kenya”. Ele será um dos palestrantes do FSM e me convidou para ir assisti-lo. Senti no aeroporto a capacidade que o Fórum tem de envolver a cidade que o recebe.
Mas estamos num país repleto de contradições. Malas na mão, táxi para o hotel. Era noite, umas 22h, a cidade é pouco iluminada. Depois de uns 20 minutos, estamos prestes a chegar ao Metodistic Guest House, mas um bloqueio policial pára o carro. O taxista desce, fala daqui e dali e o policial aparece ao meu lado. “Cadê o cinto de segurança? Por que vocês não estão usando?”
Argumento que não sabia que era obrigatório, ainda mais porque estávamos no banco de trás. “Vou ter de levá-lo para a delegacia”, responde. Em resumo, ficou um tempo arriscando ameaças e sinalizando que queria grana. O taxista acabou saindo dali de perto com ele. Depois voltou contando a história que tinha lhe dado 10 dólares. Parece que falava a verdade.
Agradeci por ter resolvido o problema, mas disse-lhe que era contra a solução. E chegamos ao hotel. Esse tipo de corrupção miúda é um dos grandes problemas da África, muito em função do modelo de colonização que se deu por aqui. Que o FSM consiga fortalecer as entidades da sociedade civil que lutam contra ele. Quem sabe fazendo com que pessoas como Aswani D. Robert, que parece estar preocupado com as coisas de sua gente, cresça na estrutura do Estado.
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