A Copa pode fazer muita diferença na África
Mussa é um taxista que trabalha na frente do Hotel Hilton aqui de Nairobi. Pela imponência da sua construção, o Hilton é uma referência arquitetônica na cidade. É um prédio alto e redondo. No centro de Nairobi é possível se orientar por ele. Sabe-se onde está a partir do Hilton.
Esperava Winnie Muxaro e os suecos com quem fomos ao Katarga Farmers Cooperative Society (vou contar essa história em breve). Enquanto o ônibus que nos levaria a essa experiência de empreendimento solidário não chegava, conheci Mussa.
Nos primeiros minutos do papo, pelo sotaque acentuado do seu interlocutor, Mussa já sabia que se tratava de um latino. Ao saber que o latino era brasileiro, disparou: “não sei o nome do presidente do seu país, mas se eu errar um ou dois jogadores da sua seleção vai ser muito”. A conversa continuou e Mussa passou a dizer sobre a importância que a Copa do Mundo na África do Sul pode vir a ter para o Continente. “Eu acho que o Brasil, por exemplo, deveria ficar aqui no Quênia fazendo a sua preparação.” E continuou a defender sua tese: “É preciso envolver toda a África nesta Copa, isso vai ser muito bom para a gente e para as pessoas nos conhecerem melhor. E se o Brasil vier para cá ele vai estar no centro do Continente. Vai ter o apoio de todos nós. Os quenianos são Brasil no futebol. A gente adora o jogo de vocês.”
Lembrei-me da conversa que tive com outro taxista, Russell G. Ditlhoiso, em Joannesburg. Ele comentava a nova situação do seu país e num dado momento desse nosso papo, fez uma reflexão bastante interessante. Disse que a África do Sul já tinha abrigado campeonatos mundiais de outros esportes, mas que com a Copa seria diferente. “No aparthaid apenas os negros jogavam futebol, porque era o esporte barato. E como os negros jogavam, os brancos praticavam críquete, golfe e outros em que é necessário ter recursos. Agora, os brancos também jogam futebol e podemos ter uma seleção inter-racial. Pode ser a nossa oportunidade para que todo o país torça junto por uma única África do Sul, de negros e brancos.”
Para Russel isso poderia ser o começo da unidade. Carlos Alberto Parreira está sendo muito bem pago para montar uma equipe sul-africana competitiva para o próximo mundial. Parreira sabe montar times eficientes quando eles não têm obrigação de jogar bonito e quando não têm muitos craques. Talvez a África do Sul avance na competição. Se isso vier a acontecer pode ser que pela primeira vez na recente história daquele país negros e brancos comemorem juntos e abraçados vitórias comuns.
2 Comments:
Olá, Rovai;
Parabéns pelo blog. A África realmente precisa ser mais e melhor descrita. Pena que você não é africano...
Abraço.
Caro Renato: Ótima idéia a do Blog. Sempre que posso leio e divulgo suas matérias. Seu estilo de escrever é inconfundível.Sou assessora parlamentar e suas matérias são sempre impressas, para conhecimento do Deputado Estadual com quem trabalho. Daqui da ALESP, foram para o Fórum Social, 05 Deputados e mais 02 diretores de uma Associação de Trabalhadores com quem mantemos contato. Imprimi todas as matérias que haviam saído até o momento da viagem para todos eles. Temos uma mala direta de emails de militantes do Movimento Negro Brasileiro, onde suas matérias também estão sendo repassadas.
Por isso, se me permite, vou fazer uma sugestão: coloque ao final de cada matéria do Blog as opções de enviar para um amigo e imprimir. Acho que ajudará à mim e outros(as) leitores(as). Um abraço e sucesso.
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